sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sobre Afeto e Presença - Nilton Bonder

"Uma história hassídica oferece a medida exata do que é afeto. Após mostrar sua casa a um visitante, este pergunta ao mestre: 'Muito bonita, mas há algo que não entendo: as cortinas na janela. Se você quer que as pessoas olhem para dentro, por que cortinas? E se você não quer que elas olhem, por que janela?'
O mestre respondeu: 'Porque um dia alguém que me ame e que eu ame também vai passar por aqui e juntos vamos remover a cortina.'
O afeto é o que permite que estejamos juntos, mas, ao mesmo tempo, que não nos misturemos. Essa interconexão, ao invés da mistura é o que produz presença. Ou seja, é uma medida, um equilíbrio, entre estar-se separado e junto.

Deus é essa Presença absoluta que não está em lugar algum e que inexiste em nosso tempo e espaço. É a certeza de que a todo momento 'alguém que nos ama e que nós amamos também' vai passar e queremos estar despertos para esta ocasião. Portanto, reconhecer o ocultamento de Deus é uma maneira íntegra de se retratar a realidade. Por outro lado, negar sua presença demonstra insensibilidade ou ilusão quanto ao grande afeto que reside na rede da realidade. Há algo que nos ama e que amamos, o suficiente para querermos ter uma janela, mesmo que nossa preservação exija uma cortina"

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